Neste mês de agosto já ocorreram duas mortes de presos no Conjunto Penal de Feira de Santana e na madrugada desta terça-feira (25), três custodiados de alta periculosidade conseguiram pular os muros da unidade e fugiram com a ajuda de comparsas que os aguardavam do lado de fora. Disparos de arma de fogo ainda foram feitos por policiais, mas os bandidos conseguiram fugir.
Ainda este ano, 10 detentos tentaram fugir no dia 20 de março, chegando a pular um dos muros, mas foram recapturados pela polícia. Dez dias depois, outros cinco tentaram fugir e também foram impedidos.
O número insuficiente de agentes penitenciários e a ausência de equipamentos eletrônicos para coibir a ação dos presos são fatores que estimulam as tentativas e fugas. Quem denuncia é Reivon Pimentel, presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb),
Em entrevista ao repórter Sotero Filho, o presidente do Sinspeb fez relato gravíssimo da situação atual do Conjunto Penal de Feira.
“São vários fatores que facilitam essas fugas, mas o principal é a falta de policiais penais. Hoje, o Conjunto Penal de Feira de Santana é a maior unidade prisional do estado. Nós temos lá, mais de 1.700 custodiados e, pasmem, para fazer a assistência a esses custodiados e a segurança do estabelecimento penal nós temos menos de vinte policiais penais por plantão de 24 horas. Isso é menos de 10% do quantitativo necessário para fazer a segurança da unidade. Nós temos vários postos de serviço que foram abandonados por falta de policial penal, postos de grande relevância para a manutenção da segurança. Chega a ser um absurdo e a sociedade feirense precisa saber que durante a noite, um único policial penal é responsável pela segurança de três pavilhões, lembrando que o conjunto penal tem hoje 11 pavilhões masculino, um mini presídio e um pavilhão feminino, então é humanamente impossível fazer a segurança com esse quantitativo de policial penal”, denuncia Pimentel.
Falta de equipamentos de monitoração eletrônica e bloqueadores de celulares
O sindicalista também denuncia a falta de equipamentos de monitoração eletrônica, sistema de monitoramento de câmeras e bloqueadores de aparelhos celulares, o que facilita a comunicação dos presos com o exterior da unidade penal.
Guaritas abandonadas e outras utilizadas em sistema de rodízio
Reivon também alerta que várias guaritas estão desguarnecidas e culpa o estado pelo abandono. “Quase a totalidade das guaritas foi abandonada pela Polícia Militar, algumas por falta de segurança para os policiais e outras por falta de prepostos. Existem 17 guaritas de segurança e dessas, 3 já foram totalmente abandonadas e podem servir para criminosos acessarem e fugir, pois não foram demolidas. Das outras 14 ainda ativas, somente três são guarnecidas por prepostos da polícia militar”, revela.
Drones utilizados por bandidos para monitorar o presídio
O presidente do Sinspeb denuncia também que por conta da utilização das guaritas em sistema de rodízio, os criminosos ficam sabendo e “chegam a utilizar drones e podem se comunicar. Eles sabem perfeitamente as guaritas que estão desguarnecidas e fica fácil para montar um plano de fuga, como aconteceu na terça-feira”.
Pimentel conclui que um dos pavilhões, o de número 11 já foi interditado por falta de segurança e fica mais próximo da via principal, mas continua sendo utilizado. “Até quando o governo da Bahia vai permitir que essas coisas aconteçam, permitir que criminosos de alta periculosidade possam deixar o conjunto penal para aterrorizar a sociedade feirense?”, questiona.
Nossa reportagem procurou o Major PM Leonir Moraes, comandante da Guarda do Conjunto Penal, mas ele não quis se pronunciar sobre a fuga e denúncia do sindicalista.
Blog Central de Polícia, com informações de Sotero Filho e imagem ilustração/reprodução.