Nove funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Feira de Santana, entre médico, enfermeiros, técnicos e motorista afirmam terem sido demitidos no final de janeiro deste ano, sem saber o motivo do desligamento, além da falta de pagamento da rescisão de contrato.
Uma enfermeira, que preferiu não revelar a identidade e trabalhava no Samu há 11 anos, contou que foi demitida das funções e até agora não foi comunicada oficialmente sobre e o porque do desligamento.
“Até hoje eu não recebi nenhuma ligação por parte da gestão para informar o meu desligamento”, contou.
A ex-funcionária afirma que até o momento não recebeu nenhuma informação sobre o pagamento da rescisão do contrato e que pretende tomar providencias para retornar as atividades que exercia no Samu.
“O que nós queremos é voltar aos nossos postos de trabalho e no mínimo nossos direitos trabalhistas”, disse a enfermeira.
Uma outra enfermeira, que também preferiu não revelar a identidade, contou que recebeu o comunicado por telefone, mas que ninguém do RH da prefeitura informou o motivo da demissão. De acordo com a mulher, o pagamento da rescisão ficou de ser paga no final do mês de janeiro, o que não aconteceu.
“Disseram que não teria a necessidade de assinar e que seria online, e que no fim do mês receberíamos o valor, mas não foi pago”, revelou.
A enfermeira que estava no Samu há nove anos, também não aceitou ter o contrato rescindido e disse que vai entrar na justiça para ter o emprego de volta.
“Pretendo acionar o Coren e juntamente ao meu advogado uma defesa para que eu possa ser reintegrada ao serviço.
As demissões ocorreram no 21 de janeiro. A prefeitura informou que esses funcionários foram retirados por incompatibilidade com a função e que já tem outros funcionários da Secretaria de Saúde substituindo os que saíram e que está vendo a possibilidade de fazer uma seleção pública simplificada, antigo Reda, para preencher essas vagas.
Os ex-funcionários contam que o quadro já era desfalcado e que a situação deve piorar agora com as últimas demissões. Em um áudio, um profissional, que ainda trabalha no Samu e não quer ter o nome revelado, se queixa da sobrecarga na escala.
“Já tem um tempo que estava tendo dificuldade para cobrir as escalas. Todos os dias lá vinha o nome de uma pessoa que não estava e aí não se realmente ia vir alguém realmente para cobrir a escala”, contou o funcionário.
“Aí ficava todo mundo lá com aquela cara de tristeza olhando para o portão, torcendo para chegar os colegas para render a gente”, concluiu.
As denúncias de sobrecarga de trabalho já foram feitas por outros funcionários do serviço ao Sindisaúde. A unidade prometeu investigar junto ao Conselho Regional de Saúde e outros órgãos.
“Estaremos encaminhando a denúncia para o Conselho Regional de Enfermagem da Bahia, que é a entidade que deve fiscalizar a cerca da denúncia que recebemos com relação a questão da sobrecarga. Nós nos solidarizamos com os trabalhadores, que nesse momento de pandemia foram tão importantes para o combate da Covid-19. Estaremos orientando esses trabalhadores a procurar os órgãos e entidades representativas para que possam defende-los nesse momento de total descaso”, disse a diretora do sindicato, Dart Clair Cerqueira.
A TV Subaé, afiliada da TV Bahia, procurou a prefeitura de Feira de Santana para falar sobre o pagamento das rescisões, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
G1 Bahia- Foto: Reprodução / TV Subaé